MAKING OFF


Pode não ser tão levado em consideração, mas um livro, assim como um filme, também tem um making-off. Muitas vezes, a obra nasce após um longo e tortuoso caminho, repleto de situações difíceis, inusitadas e engraçadas.
Esta página foi idealizada para dividir com vocês algumas destas etapas e dar merecimento ao próprio caminho que foi trilhado, tão importante quanto o próprio livro em si.



A GESTAÇÃO

Iakireçá nasceu em um curso de quadrinhos. Originalmente, tanto a personagem como sua história foram criadas para a marginalizada linguagem da arte sequencial. Um dos personagens futuros da trama (Manoel Martins) chegou a ganhar seus traços "quadrinísticos", porém não houve sequência para a ideia na época. O projeto foi engavetado e somente três anos depois começou a tornar-se um livro.




LONGO CAMINHO

Iakireçá demorou um tempo considerável para ficar pronto. Foram vários anos até transformar-se de ideia em realidade.
O primeiro engavetamento foi pelo simples fato de não nascer livro. Era a história de uma personagem de quadrinhos criada por Jean Marx. Quem botou a chave no armário e abriu a porta foi Pedro Sol, que não apenas gostou da história, como acreditou que ela deveria ser contada.



Ao tempo necessário para se escrever um livro a quatro mãos e acrescentar e conciliar todas as ideias de duas cabeças diferentes, juntaram-se os momentos da vida de cada autor, ocasionando pausas e retomadas do ritmo. Em determinado momento, porém, a história começou a praticamente se escrever por si, como que reclamando seu lugar de direito.



AMBIENTE
 
Iakireçá foi escrito em dois ambientes distintos: no cômodo dos dois autores.
Um era um quarto bem normal, a não ser por um detalhe: uma estante preenchida com mais de quatro mil revistas em quadrinhos, devoradas algumas vezes pelo quadrinho-maníaco. Neste ambiente, muitas vezes, a história surgia de maneira mais rudimentar, na ponta do lápis mesmo, sem a facilidade tecnológica proporcionada pelos novos tempos. Apesar de uma óbvia tendência à nerdice, este escritor tinha um lado primitivo muito aflorado.




O outro quarto era uma dependência de empregada modificada para tornar-se oficina criadora. O incenso dava aromas específicos ao ambiente (principalmente nas passagens florestais). Um repertório musical cuidadosamente selecionado para "aclimatar" cada momento ou personagens. Às vezes, alguns detalhes eram inseridos no "cenário". Tudo para ajudar na inspiração. Perfeccionismo? Talvez. Psicose? Certamente.



CAPA

A história de criação da capa de Iakireçá é um capítulo à parte.
O primeiro artista não parecia muito conectado com o projeto e os primeiros esboços continham discos voadores e outros elementos "alienígenas" em um fundo tijolo. Mau caminho.
Para dar um rumo à proposta, Jean resolveu então criar por si próprio os elementos para a tão importante arte. Neste caso, as imagens valem realmente mais do que as palavras:

Este era para ser um modelo da cela em que 
Ana Catarina está presa no início da história.

E esta é a pobre modelo sendo
preparada para dar vida aos olhos verdes
da personagem principal

E a primeira ideia de capa, que 
tinha relação com a história, 
ficou assim. A pretensão era
enfocar o início da história, quando
Ana Catarina está presa.

Por mérito do destino, o desenhista mudou e, com o novo artista, vieram também novos conceitos que trouxeram a capa até o aspecto atual. A ideia passou a ser criar uma imagem que identificasse um elemento importante da história, sendo, ao mesmo tempo, forte e icônica




Realmente, ficou bem melhor assim.